Fortim de São Thiago
Fortim de São Thiago
(Pero Coelho de Souza)
O processo de colonização da Capitania do "Siará Grande" e do norte do Brasil deu-se um pouco mais de 100 anos após o descobrimento da terra pelos portugueses em 1500. Ocorreu tardiamente em relação a outras capitanias devido a inexistência de riquezas que interessassem aos portugueses; as altas temperaturas; ao mar bravio e raso; ao sentidos dos ventos e correntes marítimas (ambas no sentido de leste para oeste, dificultando o retorno das embarcações) e hostilidade dos índios locais.
No fim do século XVI e início dos seguintes, emergia na Europa um novo sistema de relações internacionais, que não conseguirá evitar as guerras em noem de um novo equilíbrio europeu. Foi um período de grandes transformações, cujas consequências repercutiram no continente americano. Aqui foram projetadas todas as rivalidades políticas decorrentes da União Ibérica (1580-1640), período em que a Coroa portuguesa ficou sob a dominação espanhola. Exemplo disso foram as invasões francesas e holandesas ao Brasil, além dos piratas e corsários de diversas nacionalidades que saqueavam nosso litoral.
Os franceses estavam decidios a ocupar e explorar o litoral nordestino partindo do Maranhão. Até que, em 1612, criaram uma colônia de povoamento, a partir do Forte de São Luis, construído por Daniel de La Touche, comandante da expedição. Como a ameaçaõ estrangeira era grande, a Coroa portuguesa foi forçada a efetivar a posse das terras ao norte de Natal.
1603 - A bandeira de Pero Coelho de Souza, composta por 80 soldados e 800 índios, foi a primeira investida pelos "territórios do Norte", cuja finalidade era combater os franceses; descobrir minas; buscar relações de amizades com os indígenas locais, oferecendo-lhes paz e a evangelização; bem como criar povoações e fortes nos lugares ou portos mais favoráveis, não obteve o sucesso esperado pelo açoriano, acabando em total desaster. Nessa época o posto militar da soberania portuguesa no Brasil mais ao norte era o forte dos Reis Magos, na foz do Rio Potengi, onde fica, atualmente, a cidade de Natal.
Pero Coelho desembarcou na foz do rio Jaguaribe (hoje município de Aracati-CE) e avançou por terra ao logo da costa até Camocim. Conseguiu libertar a serra de Ibiapaba da presença dos franceses, sem, contudo, garantir a amizade dos índios que mantinham boas relações com os invasores. Sem o apoio para continuar a empreitada, foi forçado a recuar.
Decidio a instalar-se e explorar as terras do Ceará (Cerá siginifica em língua Tupi, o canto da jandaia; mas também há quem defenda que quer dizer terra da luz), funda, em 25/Jul/1604, o fortim de de São Tiago às margens do Ria Siará, hoje, Barra do Ceará, e deu o nome de Nova Lisboa ao povoado que almejava formar em torno dele. Trás sua família e tenta iniciar uma colonização, chgando a fazer um plantação de coqueiros.
Mas, em 1606, não suportando a escassez de água e alimentos devido à primeira grande seca registrada em nossa história, foram obrigados a abandonar definitivamente o território cearense. Muitos morreram ou desertaram. Pero Coelho parte para o Forte dos Reis Magos em busca de apoio da Coroa portuguesa e não mais retorna ao Ceará. Sua esposa guia os sobreviventes dos forte até os domínios portugueses, trŝ de seus filhos morrem nessa empreitada.
Encerra-se, assim, a bandeira de Pero Coelho de Sousa, na qual o jovem Martim Soares Moreno, um dos sobreviventes da desastrosa expedição, tivera a missão especial de aprender a língua indígena, estudar seus costumes e criar relações de amizade com os mesmos.